sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Em Valle Grande

Ontem decidi que sairia hoje cedo de Samaipata rumo a Valle Grande, distante 130 km. Gostaria de ficar mais tempo em cada lugar, mas fiquei muito tempo parado desde Corumbá até Santa Cruz de la Sierra, entao achei que era hora de seguir caminho. Nao sabia as condiçoes da estrada e como seriam as subidas, pois pela avaliaçao da altimetria, constatei que até Mataral desceria de 1700 até 1300 mts, e depois subiria até os 2000 mts. Saí 6.30, e o primeiro trecho de 73 km até Mataral foi rápido, apesar de um trecho de subidas. Peguei o desvio em direçao a Valle Grande, e para minha surpresa o trecho todo está asfaltado, diferentemente do que dizia o meu mapa. Parei para almoçar ao meio dia, rodados exatos 100 km, fiz um macarrao e consertei o pneu que furou com um espinho, quando saí afoitamente da estrada. Minha fita anti furos foi mais uma coisa que abandonei pelo caminho, pois agora estou carregando mais peso (fogareiro e panelas de aço, água e comida) e mais volume (casaco grosso, calças jeans e sapatos), e creio que a tendência é só aumentar. Voltei a pedalar às 13:30, e entao começaram a aparecer mais subidas, especialmente concentradas nesse último trecho de 30 kms. Sao cansativas para quem já está pedalando à algum tempo e bastante carregado, mas razoavelmente suaves, nada que se compare às ladeiras que passamos pela Estrada Real. Tiro a mesma conclusao do sujeito de uma piada, aquele que caiu do décimo andar, e quando passava pelo oitavo pensou: até agora, tudo bem. Cheguei em Valle Grande, e às 16:00 já estava instalado em um "Alojamiento", ao custo de 25 Bv a diária.

Seguem algumas fotos pra galera, tenho alguns vídeos que dependem ainda de uma pré-ediçao, e a net desta lan é muito lenta.



No hotel que fiquei em Samaipata, "Hotel Clube de Xadrez", há uma "quadra" de xadrez, até com arquibancadas.


Este é o mapa "digitalizado" desta etapa, o google maps nao consegue calcular rotas na Bolívia.


Samaipata ficando para trás e para baixo.


Primeiras montanhas do trecho.


Em Mayrana, a nebulosidade ficando para trás.


Este o astral da estrada, após Mataral.


Aqui, a construçao sinuosa da estrada, reduzindo a inclinaçao das ladeiras.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Em Samaipata

Hoje estou em Samaipata. Saí ontem, sem saber se chegaria no mesmo dia, e também havia a possibilidade de visitar um lago que existe no trajeto, a cerca de 40 km do meu destino, conforme dica do Fábio, cicloturista que já fez o mesmo caminho.

Saí de Santa Cruz pelas 7:30, no início a estrada é ampla e com bom acostamento, porém entre La Guardia e El Torno o caminho se complica um pouco, nao há acostamento e passam muitos caminhoes. Ainda no perímetro urbano de Santa Cruz, percebi a escuridao em direçao à serra, sinal de chuva. Próximo a El Torno começou a chover, e resolvi me abrigar por meia hora em um toldo improvisado como parada de ônibus, até que a pancada terminasse e a estrada secasse um pouco. Segui viagem, rodei cerca de 60 km e parei em uma área para cozinhar um macarrao, pois suspeitava que nao haveria almoço próximo. Cozinhei com uma água turva que corria das pedras, pois nao quis desperdiçar a água que levava. Após esse trecho iniciaram as subidas. Subidas em asfalto, com pouco trânsito, e inclinaçao leve. Meus cálculos eram de 120 km de distância entre Sta. Cruz e Samaipata, mas uma placa me fez corrigir para 117. Fui bem até os 117 anunciados, cheguei a 120, e após havia ainda uma subida por mais 10 kms. Como me programei para apenas 117 a 120 kms, esses 10 kms extras significaram um stress pela sede, pois minha água já havia acabado, embora eu tenha bebido alguma "soda" e coca-cola pelo caminho, já que nas vendas nao havia água.

Cheguei Em Samaipata pelas 5:50, e logo caiu uma chuvarada que durou a noite toda e parte da manha também. Estou instalado em um bom hotel, ao preço de 35 bolivianos a diária, devo ficar mais um dia e seguir em direçao a Potosi.



Aqui, a´"última ceia" (em Sta Cruz, claro..)


A chuva que se anunciava


As montanhas começando pequenas


começam a aumentar


Deve ser cruza de burro com lhama


Mais próximo à chegada


Últimos quilômetros, a 1.700m de altitude.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Partida para Samaipata

Após 4 dias em Sta Cruz de La Sierra, defini que o meu tempo aqui acabou, pois o meu objetivo era especialmente descansar e preparar os próximos passos. É a maior cidade da Bolívia, com 1.700.000 habitantes, e um trânsito maluco. Definitivamente, nao me sinto à vontade aqui. Hoje meu objetivo era incluir ao menos um mapa da Bolívia em meu GPS, mas nao tive êxito. Recomendo a quem quiser comprar um, que compre o Garmin. Faz algum tempo que sou partidário do lema "o barato sai caro", ou "quem compra mal compra duas vezes". Mesmo vacinado, fui pelo que dizia a vendedora, segundo a qual este modelo, Satellite, é a mesma coisa que o Garmin. Suspeitei que havia lago errado, pois era a metade do valor. Questionei-a, mas ela confirmou serem equivalentes, e eu fui por ela. Entao, paciência. Fui ao correio para remeter para o Brasil essa e outras tralhas, mas descobri que para tanto é preciso das notas fiscais, inclusive do meu telefone velho, as quais nao tenho aqui. Passei estes dias procurando também um casaco corta-vento, pois perdi o meu no primeiro dia de viagem. Porém nas 4 bicicletarias que encontrei, nao havia, e nao consegui encontrar uma loja mais especializada. Saio de Sta Cruz sem conhecer tudo, e desculpo-me com os leitores que esperam uma viagem turística tradicional, mas a minha expectativa nao é especialmente conhecer pontos turísticos, e sim observar o que está nas entrelinhas e refletir.

Agradeco pelos comentários, sao sempre motivadores, embora eu saiba que alguns leitores prefiram nao comentar, e os respeite também.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fotos na Bolívia

Após algumas dificuldades iniciais com o blog, estou agora conseguindo postar alguns vídeos e fotos. Devido a essas dificuldades, nao armazenei aqui as fotos da viagem pela Estrada Real, mas sim no Orkut, com o qual eu tenho mais familiariedade. Como já perdi a cronologia, optei por publica-las posteriormente aqui, e agora me dedicar a postar as fotos e vídeos mais atuais. Para quem puder, peço que visite o meu perfil do orkut - sugiro procurar na comunidade "Cicloturismo". Para aqueles que nao usam o orkut, peço desculpas por essa falha, mas prometo que oportunamente publicarei todo o material aqui, juntamente com os comentários pertinentes.


Esta foto é de Corumbá, com vista para o Pantanal.



Primeiros quilômetros no Trem da Morte, entre Puerto Quijarro e Puerto Aguirre



Ainda no trem, antes do entardecer.



Amanhecer no trem.








Basilica Menor de Sao Lourenço.

Que bicho é esse, será a tal da Vicunha?

Contruçao antiga no centro da cidade, de pau-a-pique. A parte debaixo da parede está exposta, e com o bambu já amassado.

Mais uma. Há algumas construçoes centenárias, ainda em funcionamento, no centro da cidade. Em ambos os seus lados, praticamente encostadas em suas paredes, há construçoes mais modernas.

O meu almoço: Sopa. Depois vem o "segundo" que é um prato com arroz, frango ou carne, batatas fritas e um pouco de salada. Também a vendedora de bugigangas em frente ao restaurante, se abanando. Muita gente buzinando ali, mas todos uzam a buzina "bi-bi" e nao a corneta "fooom-fooooom", e acho que por isso todos se entendem bem.

Meu quarto, acima da bike há um ventilador, a cama é de casal já arredondada no meio, cair da cama só se for pra dentro. No cenário também o dicionário que comprei a 70 bv, um GPS que ainda nao me serve pra nada, minha toalha super-absorvente tipo paninho, uma casca de banana, etc. Lembrando que desentortei o dente da coroa intermédia da bike, e a ortodontia foi feita batendo com o meu alicate chinês multi-uso.

Alto lá!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Em Santa Cruz de la Sierra

Ontem madruguei para tentar me vacinar contra a febre amarela, requisito para ter permitida a minha entrada e permanência na Bolívia. Primeiro, cheguei em um posto de saúde em Corumbá, antes das 7:00hs, horário de sua abertura. Esperei lá até umas 7:30hs, sem que os funcionários soubessem se a vacinadora compareceria ou iria vacinar na área rural. Resolvi procurar outro posto, e no caminho encontrei um grupo de agentes de saúde, que me orientaram a ir até o posto especializado em vacinas que funciona na rua da ladeira, atrás da Capitania dos Portos. Resolvido o problema, fui até a Anvisa, onde rapidamente foi feita a carteira internacional de vacinas. De lá fui até a "imigración", e assim fui autorizado a permanecer por 30 dias na Bolívia. Tudo isso em tempo hábil para pegar o fatídico "trem da morte".

Na minha passagem, grafaro "premera" O detalhe, as classes sao invertidas, assim, a primeira é na verdade a última. Isso nao me assustou, pois em minha passagem pela Bolívia precisarei ter contato com o povo, pior vai ser ao passar em locais com a densidade demográfica baixa. Eu poderia ter optado por outro tipo de turismo, como me disse um brasileiro que estava comigo na fila da Anvisa, tentando levar seu filho para estudar medicina na Bolívia: "tem tanto lugar bonito no Brasil, pra que ir pra fora". A resposta para o lugar comum: "nao procuro só os bonitos, mas os feios também". Fosse o caso de procurar conforto, além da via aérea por onde ele viajará, mesmo de trem há passagens mais caras que dao direito a vagoes mais confortáveis, e há a opçao "luxo" em outro trem mais rápido e confortável. Se bem que no dia que comprei a passagem, nao havia alternativa.

Eu estava preparado para encontrar bancos de madeira, igual aos de praça, conforme me disse equivocadamente um brasileiro. Na verdade, sao poltronas de espaldar alto para duas pessoas, e nao reclináveis. Logo que embarquei, consegui pular para uma poltrona que estava vazia e assim fui confortavelmente por um bom trecho. Me chamou a atençao, já no início da viagem, uma garota que havia se deitado em frente à sua poltrona e esticado as pernas pelo corredor. Pensei que ela teria problemas com o fiscal, mas por ela passou uma equipe de dois fiscais e um policial, e todos desviaram cuidadosamente e seguiram até o outro vagao. A cada parada, entravam muitos vendedores de limao, sucos, frango, peixe frito, biscoitos... sem contar os que viajavam junto. O vagao parecia uma feira, todos entravam gritando para anunciar o seu produto, e saltavam sobre a garota, até que, receosa, recolheu as pernas por alguns instantes para depois reretomar como estava. Após um terço da viagem, fui acordado e convidado a sair de onde eu estava e retornar ao meu assento, entao percebi que havia embarcado uma multidao que lotou o vagao. Fui dividir o assento com a garota, que era minha vizinha. A partir daí, o pessoal começou a se esticar pelo chao, e era gente com pernas para cima, outros para o lado, iam tentando dormir do jeito que dava. Entao perguntei para a garota que se apertava ao meu lado, se ela queria deitar no chao, que entao eu levantaria as pernas e ficaria sobre o assento. Ela prontamente aceitou e se esticou, enquanto eu tratei de dar alguns cochilos amontoado em um metro de comprimento do banco. E os vendedores, fiscais e policial, passavam por cima e desviavam de todos com uma destreza impressionante. E assim foi, por cerca de 20 hs de viagem.

Quando cheguei, tive dificuldade para retirar a minha bicicleta, pois o vagao das bagagens liberou algumas malas e se foi. Imagina o susto, o trem vai embora e o carregador me abanando. Ouvi ele gritar SEGUNDA. Já pensei que teria que esperar até segunda, mas era a segunda entrada. Até eu a encontrar... dei algumas voltas pela estaçao, e cheguei até o setor de encomendas. O funcionário ainda me achacou 20 bolivianos, os quais eu paguei conformado, embora incomodado. Rodei um pouco e achei, próxima ao centro, uma área que parece a Chinatown dos seriados de TV, nao fosse os homens com chapelao branco e macacao, juntos de suas mulheres com roupas de puritanas. Alám disso, um trânsito complicado, carros parados fazendo carga e descarga ou conversando, e outros buzinando... nas avenidas maiores é bem difícil pedalar ou atravessar a pista. Achei um"alojamiento" básico que custa 30 bolivianos, equivalente a menos de R$ 10,00, e almoçei uma refeiçao completa com uma coca de 600 ml pelo equivalente a R$ 3,00. Quero ressaltar que faço essas observaçoes todas, que incluem valores, para dar uma noçao ao pessoal que pretende fazer esse trajeto, entao se eu estiver sendo chato, por favor, perdoem-me.

Agora, após essa postagem, retornarei para o "alojamiento" para descansar um pouco, pois a viagem foi cansativa. Assim me despeço de todos, até a próxima!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quarta de cinzas

Ontem o dia foi aqui foi modorrento, aproveitei para dormir já que faltavam alternativas.
Solicitei ao dono do hotel qualquer leitura, fossem revistas ou jornais velhos, para aprender um pouco de espanhol. Ele procurou, e apareceu somente um catálogo de bijuterias, o qual recusei. Ele disse que os brasileiros levaram todas as revistas, por isso acredito que lhe faltou boa-vontade.

Agora sentou-se um menino aqui ao meu lado, quer que eu jogue Counter-strike com ele. Eu lhe disse que tenho que escrever, agora ele é leitor em tempo real. Seu nome é Jose Lucas.

Hoje pela manha, fui atrás da carteira de vacinaçao, da qual eu já havia desistido. Mas como terei que ficar até amanha, quinta feira, resolvi tentar. Primeiramente, fui até a sede da Anvisa, que só abria às duas da tarde. Lá, fui orientado a ir até o posto de saúde de Ladário, que como o nome faz presumir, é ao lado de Corumbá (o lado mais distante para mim), pois os postos de saúde em Corumbá estavam com ponto facultativo. Rodei mais uns 10 km, e no posto em Ladário, disseram-me que só amanha haveria vacinaçao.

Voltei e fui até a Zona Franca de Puerto Aguirre e comprei um vinho Sta. Helena Reservado, e um desodorante para seguir viagem, mas nao encontrei qualquer leitura ou mapa. Vooltei a Puerto Quijarro, olhei com mais calma todas as "librerias",somente tinham cadernos, adesivos, e nenhum livro à mostra. Olhei o comércio relacionado, camelôs, mas quando eu passava por uma farmácia, vi uma prateleira. Como sou burro de nao ter procurado direto nas farmácias! Comprei um mapa, um exemplar de Garcia Marquez - "Cronicas de una Muerte Anunciada", e conversamos um pouco sobre roteiros e amenidades, foi a minha primeira conversa mais relaxada em espanhol.

Amanha cedo tentarei novamente a vacina. Às 11.45 tenho que me apresentar na Estaçao, mas como há a diferença do fuso horário, o horário equivale às quinze para uma no Brasil.

Vou terminando por aqui, para liberar a máquina para Jose.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carnaval em Puerto Quijarro

"Ê-e-e-e-ê, índio quer apito e se nao der pau vai comer"

Hoje fui até a estaçao férrea comprar a passagem. A venda dos bilhetes, que começaria às 7.00, passou para as 7.30, depois para as 8.00... no fim, abriu só às 9.00 hs. Antes de abrir, já havia um burburinho de que as passagens para hoje já haviam acabado, mas enfim, antes de chegar a minha vez, já haviam acabado mesmo e só havia para "jueves", que fiquei sabendo ser quinta-feira.

Aqui nao há carnaval, só o feriado que é importado do Brasil. Mas aqui na Bolívia também existe algo parecido com o Pará, portanto têm algumas coisas muito parecidas com o dejavú, que também toca por aqui... algumas vezes embaixo da minha janela, onde ficam alguns camelôs, ou do outro lado da rua, onde há uma loja que parece ser de CDs e DVDs piratas. Falando nisso, agora aqui em frente a lan parou um carro com o som estourando os meus ouvidos, e uma música bagaceira daquelas que tá me mandando embora.

Quarta-feira abrirá a zona franca daqui, daí me distrairei procurando um mapa rodoviário e alguma leitura básica em espanhol.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Em Puerto Quijarro

Hoje estou em Puerto Quijarro, instalado em um hotel em frente à estaçao do trem. Como esse teclado nao tem "til", exceto no ñ, depois corrijirei o post. Houve uma complicaçao hoje: no posto da imigraçao exigiram minha carteira de vacinas. Como nao a tenho, descobri que precisaria ir até o posto da Anvisa na segunda-feira para resolver o problema. Pesquisando em fóruns, soube que além e me vacinar, deveria ficar em quarentena de 10 dias, e alguns aprticipantes sugeriam inclusive a corrupçao de policiais.

Percorri os 5 km até Corumbá sem saber o que fazer, pois mais duas semanas seriam demais para mim, tanto psicologica como financeiramente. Procurei, sem sucesso, algum lugar para acampar no caminho, contando ainda com a possibilidade de me desvencilhar até segunda e evitar o retorno à pousada. Fui até a Anvisa, e como é domingo, soube pelo guarda que só funcionaria a partir das 14 hs da quarta-feira de cinzas. Assim, eu teria que esticar minha estada em Corumbá no mínimo por mais quatro dias... me dei por vencido retornei à pousada.

Quando contei a história, o pessoal ficou espantado que tivessem me parado. Eu disse que poderia ter passado, mas fui voluntariamente até a imigraçao para perguntar e só aí recebi a exigência. Depois da conversa que tive com eles, resolvi voltar para a Bolívia e seguir viagem assim mesmo, pois fiquei seguro de que preso por esse motivo eu nao serei. Assim, amanha pegarei o trem sem mais delongas.

Desejem-me boa sorte! vou encerrar o post por aqui porque a condiçao na lan é precária.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Puerto Suarez

Ontem procurei um fogareiro para a viagem e fui informado que em Puerto Suarez deveria encontrá-lo. Como o tempo está chuvoso, preferi deixar a bicicleta na pousada e ir de ônibus. Quando cheguei ao ponto, fiquei sabendo que o ônibus recém havia passado e o próximo demoraria no mínimo uma hora. Então, resolvi fazer conforme o pessoal da pousada me orientou: vi um carro boliviano, estiquei o braço... e o carro parou e tornou-se um táxi, porém ao preço de dois reais pela viagem, o mesmo da tarifa do ônibus. Já em Puerto Suarez, fui ao chamado "mini-shopping", que é uma rua próxima da aduana, onde há várias lojinhas de produtos, sendo alguns eletrônicos e informática, e a maior parte de roupas. Não encontrei o fogareiro, mas fui orientado a pegar um táxi e ir à Casa China. O táxi foi um pouco mais caro, R$ 10 de ida e volta, mas a outra opção era caminhar nas ruas enlameadas por cerca de 10 a 12 km. Era um outro shopping, onde a Casa China parecia ser uma das lojas maiores, juntamente com uma outra, "Miami" alguma coisa. Em uma "loja de camuflados", como me orientaram, encontrei um fogareiro de metal, à álcool, juntamente com duas panelas de lata, ao custo de 20 dólares. Comprei também um casaco quente por 25 dólares, pois me disseram que poderia sentir frio no trem. Levei mais umas quinquilharias, um isqueiro para abastecer com álcool e um canivete pequeno que se dividia em dois, com talheres e outras utilidades. Para fechar o conjunto básico de inverno, passei na volta pelo mini-shopping e comprei uma calça "Diesel" por 18 reais (será legítima?). Também vi um sapatênis legalzinho por 30 reais, mas vou comprá-lo amanhã quando estiver indo para a ferroviária pegar o trem. Na minha bagagem de verão só havia um par de Havaianas, além da sapatilhas que uso para pedalar. Mas estas têm a sola rígida, o que impede o movimento dos pés, logo são desconfortáveis e não devem ser usadas fora da bicicleta.

Amanhã sigo para Santa Cruz de La Sierra, em dois ou três dias dou mais notícias.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Em Corumbá

Cheguei em Corumbá às 6 hs, ou melhor, 5 hs pelo horário de Brasília, devido ao fuso horário. Desde que saímos de Conceição do Mato Dentro, Estêvão e eu, até minha chegada aqui, foram 40 horas, sendo 33 de viagem e 7 perambulando nas rodoviárias. Em todos os três ônibus, de três diferentes empresas, tive dificuldades para embarcar a bicicleta. No primeiro, tivemos de depender da boa-vontade do motorista, e principalmente do cobrador, que alegava que não poderíamos levá-las, e terminou por deixar que as acomodássemos no maior dos pequenos bagageiros do ônibus intermunicipal da viação Serrana. Constatamos que, caso fossem três bikes ao invés de duas, uma não caberia no bagageiro. Assim, se Nelson estivesse conosco, ao menos um de nós teria que sair no próximo horário, quatro horas mais tarde. Já na rota Belo Horizonte - Campo Grande, pela Viação Gontijo, eu deveria desmontá-la, e ainda pagar taxa de 15 reais pelo excesso de bagagem. Mas no fim apenas virei o guidão e, é claro, paguei o excesso. Já Em Campo Grande, o vendedor de passagens da viação Andorinha, que faz a rota entre Campo Grande e Corumbá, me aterrorizou dizendo que além de desmontar a bike, eu teria que encaixotá-la. Como não achei na rodoviária alguém disposto a doar algum papelão, fiz uma pseudo-embalagem com um saco preto de lixo e fica adesiva que eu carregava. Funcionou, é claro, mediante o pagamento de excesso de bagagem, este abusivo, correspondente a 30% do valor da passagem. Nenhum outro passageiro precisou pagar excesso de bagagem, nem mesmo o que levava uma TV nova de 21" que sozinha devia pesar mais que toda a minha bagagem.

Já em Corumbá, após montar a bicicleta, saí a perambular em direção ao centro. Na avenida que parece ser a principal, garis e muito lixo, algumas garrafas quebradas... então aqui também há carnaval, e da pesada! Ainda surpreso, e procurando hotéis, passei a perceber várias lojas de grupos carnavalescos vendendo abadás. Além disso, todos a quem eu pedia informações sobre hotéis, me mandavam para o centro. Como era ainda madrugada, passei a perambular mais para a periferia, em direção à fronteira com a Bolívia, quando resolvi pedir informações em um posto de combustíveis. Os dois frentistas pensaram, pensaram, e nada... até que um lembrou de uma pousada na proximidade, cuja dona é conhecida deles. Finalmente, me acomodei na pousada Pantanal, ao mesmo preço do hotel mais barato que achei no centro, porém afastada da muvuca, e com um astral totalmente diferente... todas suas paredes são pintadas com paisagens e animais do Pantanal. Aqui são 9.30, e estou escrevendo da lan-house que pertence à mesma família que administra a pousada. O rapaz da pousada, Felipe, disse que o técnico que administra a rede talvez resolva o meu problema com o GPS, pois já tentei, com a ajuda do Estêvão atualizar o software e incluir mapas e tracks, sem sucesso. É a última chance do aparelhinho, pois não levarei um bagulho inútil, se não der certo vou somente com um mapa em papel.

Tenho que tratar também da manutenção da bike, embora eu vá ficar aqui por dois dias me preparando, creio que o comércio não abrirá amanhã, portanto hoje será um dia agitado. Talvez eu possa ainda postar amanhã, caso eu não consiga, minha próxima postagem será já na Bolívia, e em data incerta.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Finalizando a viagem pela Estrada Real

Chegamos ontem no final de tarde em Conceição do Mato Dentro, e nos instalamos em um hotel simples. Estêvão e eu decidimos encerrar aqui a viagem, mesmo sem chegar a Diamantina, pois não havíamos previsto que chegaríamos lá no carnaval ou quando muito na sua véspera, o que inviabilizaria conhecer a cidade com tranquilidade. Tanto Estêvão como eu não gostamos do agito do carnaval, e lá é o destino preferido de muitos "foliões" mineiros. Além disso, Ianna, quem Estêvão conheceu na comunidade do Cicloturismo e havia nos oferecido pouso em Diamantina, revogou a sua oferta porque ela e seus colegas decidiram alugar para carnavalescos a república de estudantes onde moram.

Finalizo aqui mais esta etapa, após percorrer aproximadamente 3.400 km exclusivamente de bicicleta, preferencialmente pedalando, mas algumas vezes empurrando ou arrastando-a. Hoje pegarei um ônibus para Belo Horizonte e me dirigirei a Corumbá para iniciar o trecho pela Bolívia.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Em Ouro Preto

Em São João Del Rey conheci o Philip, que saiu de Ouro Preto e foi de bike até lá para fazer o caminho inverso conosco, e agora está nos hospedando na república de estudantes onde mora. A viagem até aqui teve um alto grau de dificuldade, já vínhamos sofrendo por insistir em passar por todos os trechos do caminho velho, mas a dificuldade não chegava a nos assustar.

Porém, após sairmos de São João Del Rey, passei a questionar a necessidade de seguir integralmente o caminho, pois eu já não percebia resquícios históricos suficientes que justificassem trilhá-lo dessa forma. Já percebíamos que a dificuldade estava subdimensionada em nossa planilha, o que nos forçou a passar batido por alguns locais que mereceriam ser visitados. Para ter uma idéia, apesar da nossa previsão inicial em cumprir pela manhã a quilometragem prevista, não conseguíamos acompanhá-la, assim passamos a pedalar dias inteiros sem concluir a meta, daí o saldo devedor ia para a meta do dia seguinte, e nessa bola de neve, eliminávamos dias que seriam de descanso e visitação.

Questionei Nelson do objetivo disso tudo, mas não obtive resposta. Decidi seguir por conta própria, e o Estêvão optou por me acompanhar.

Portanto, permaneceremos até amanhã em Ouro Preto, descansando e estudando um roteiro para de viagem. Até agora percorri mais de 3000 km somente de bicicleta, sem me pendurar atrás de caminhões, e empurrando-a somente quando não havia condições de equilíbrio, e assim pretendo seguir até Diamantina. Mas com o objetivo de aproveitar melhor o tempo disponível, no caso evitar o inverno nos andes, seguirei de ônibus até Corumbá e na Bolívia decidirei por onde seguir, se não houver condição para a visita a Machu Picchu, prosseguirei por outro caminho.