terça-feira, 1 de março de 2011


Viagem e Blog

Após muito tempo sem postar, recapitulo a proposta do blog e o seu rumo. Minha previsão inicial era chegar a Machu Pichu após percorrer aproximadamente 9.000 km, porém finalizei a viagem em Potosí, com menos da metade dessa quilometragem. Ainda no início, quando comecei a desenvolver a idéia, criei o blog e iniciei as postagens. Embora já estivesse claro pra mim que o blog era destinado a relatar a viagem, eu ainda não tinha idéia do que seria compartilhar a experiência, e qual seria a sua relevância. Por isso, apesar do destino inatingido, reconheço como bem-sucedida a empreitada.


Com o término da viagem, o blog estava fadado ao ostracismo. Contudo, agora tenho motivos para resgatá-lo.


Decidi que partirei mais uma vez, provavelmente na próxima primavera, agora de Santa Cruz do Sul. Ainda não sei se sairei do Brasil por Santana do Livramento e cruzarei o Uruguai para chegar à Argentina, ou se seguirei diretamente para a Argentina, cruzando a fronteira por Uruguaiana. Devo passar por Rosário e Mendoza, e encerrar em Valparaiso, no Chile.



Atropelamento de ciclistas em Porto Alegre

Estou perturbado pelo ocorrido nesta sexta-feira última, dia 25 de fevereiro de 2011, em Porto Alegre. É um fato que ganhou repercussão nacional, especialmente pela imagens do violento ataque de um motorista, que jogou propositadamente seu veículo contra um grupo de ciclistas.


Apesar do absurdo da conduta do sujeito, erguem-se vozes em defesa o condutor, talvez não para justificar, mas para relevar possíveis condições e fatores, certamente ausentes da filmagem.


Não pretendo fazer coro com manifestações exaltadas, e tampouco considerar as dúvidas, suspeitas, hipóteses e especulações da nossa imprensa, que tem o especial objetivo de forjar um contexto palatável aos seus clientes. Os deformadores de opinião levam a carne moída e cozida ao seu público: o sujeito jogou o carro por cima dos outros, porque eles estavam lá perturbando e provocando-o.


Vou citar o que disse o Guilherme Maltez em sua página no Facebook, e que sintetiza o que penso a respeito desse caso: “Vale lembrar também, que o motorista/assassino representa um tipo de pensamento que se reproduz em várias outras pessoas. É a mesma pessoa que acha que o grevista é vagabundo. Que sem-terras ‘tem que morrer’. Que mulher deve servir ao homem. Por isso nossa luta não deve terminar com a justiça feita somente a este sujeito. Devemos lutar para que este tipo de vida/pensamento vendida em propaganda seja desmascarada!”


No meu post anterior, em tom quase melancólico, falei sobre o trânsito em Porto Alegre quando para lá retornei. Esse fato lamentável ocorrido agora, e registrado como foi, era algo que iria acontecer mais cedo ou mais tarde.