Ainda na rodoviária em Sucre, uma agradável surpresa: ouvi "¿guillermo?", olhei para trás e era José, que administra o Hostelling International em Tarabuco. Estavam ele e sua prima, a qual eu nao conhecia, aguardando a partida de um ônibus que os levaria a La Paz. Comemos algo no terminal, e eu perguntei-lhe, brincando, se ainda queria comprar a minha bicicleta. Já tinhamos falado nisso, ele se apaixonou pela Silver (batizei-a assim devido ao silver-tape em algumas partes), e gostaria de comprá-la, embora eu tenha dito que nao desejo vendê-la. Ele quer fazer uma viagem de bike junto com seu irmao, que é mecânico de bikes e corre provas de mountain bike. Enquanto conversávamos, peguei uma das minhas garrafas "polar" para beber água. Ele disse "ah, uma dessas você pode me vender", eu disse que nao, e entao dei-lhe de presente. Ele disse "mas nao tenho nada para presenteá-lo", ao que retruquei que presente nao se dá esperando algo em troca. Logo mais me despedi, pois deveria ir até o embarque, conforme anunciavam os alto-falantes.
O segundo ônibus partiu de Sucre com destino a Santa Cruz às 17 hs, com meia hora de atraso. Ao meu lado sentou uma mulher jovem, com um bebê nos braços, nascendo os primeiros dentes. Era indígena, mas moderna, pois nao usava as tradicionais tranças, e ao invés do traje tradicional, jeans. Ela estava muito cuidadosa para que a criança nao invadisse o meu espaço, mas coloquei um dos meus sacos de dormir enrolado para o bebê recostar a cabeça, e ela nao precisar passar dezesseis horas segurando-o em seus braços. Conversamos pouco, e passei a noite me cuidando para nao machucar a criança. Pelas 9hs houve uma parada para ao jantar em Aiquille, e depois somente pela 1 da manha, para os passageiros urinarem, eis que nao havia sanitário a bordo. Em um povoado que nao pude identificar, as pessoas todas desceram, homens e mulheres, e urinaram próximo ao ônibus. Se via os homens em pé, e as mulheres em cócoras.
Pelas 9 hs da manha chegamos a Sta Cruz. Fui ao guichê de informaçoes perguntar sobre ônibus para Foz do Iguaçu, expliquei para a atendente que era na fronteira do Brasil com o Paraguai, e ela informou que nao havia. Todavia, fui no balcao da primeira empresa de viagens que vi, e a atendente me informou corretamente onde havia. Quando me aproximei, um homem já me interceptou oferecendo passagens, mostrando o diferencial do seu produto, que era ar-condicionado, sanitários e café da manha, ao custo de 65 dólares. Provavelmente há outras empresas mais baratas, já que ele estava bastante empenhado em vender-me a passagem, mas achei que valia a pena, há que teria mais 22 horas de ônibus através do Paraguay, e entao comprei a passagem. O ônibus partirá âs 7 hs da noite.
Após o almoço, depois de tomar uma ducha na própria rodoviária (3 bv), encontrei uma dupla de franceses desmontando suas bikes, conforme disseram, estao fazendo a volta ao mundo, e nessa etapa estao fazendo a América do Sul. Seu blog é o http://www.racontemoitonpays.org Estao indo para Puerto Iguazu, que é a vizinha argentina de Foz do Iguaçu, para seguir viagem pela Argentina em direçao ao Chile. Perguntei-lhes sobre a Bolívia, mas eles optaram por nao incluí-la no percurso, e os motivos sao o tempo disponível, e a dificuldade das estradas, mais exatamente no trecho pelo qual passei pela madrugada. Realmente, durante a noite o ônibus sacolejou muito, o motorista parou várias vezes para estudar o melhor ponto de passagem, e algumas vezes bateu com o fundo nas pedras. O caminho desde Aiquille até Pulquina foi bastante complicado, mesmo durante a madrugada, às vezes se enxergava pelos faróis de outros ônibus e caminhoes, e o que se via era assustador. O caminho que eu fiz de bicicleta, pelo sul, é um tapete, se comparado a esse.
Bom pessoal, mais notícias a partir de Foz do Iguaçu. Abraços!
Expedições realizadas:
Há 2 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário