Hoje cheguei às 9:00 em Sta Cruz de La Sierra, após 22 hs de viagem. A partida foi atrasada em um dia, devido às chuvas que impediram que os ônibus chegassem de Santa Cruz até Potosi. Ontem, dia da efetiva partida, cheguei nais cedo ao terminal rodoviário, 11 hs, já pensando em almoçar por lá, pois a previsao de partida era para as 13 hs. Por precauçao, fui ao guichê para me informar, e evitar que se repetisse o que ocorreu na véspera, quando fiquei esperando uma hora além do horário previsto para a partida, até que a atendente do guichê viesse ao terminal de embarque para me avisar do dito imprevisto. Assim, quando cheguei ao guichê e perguntei se o ônibus partiria mesmo, me informaram que sim, mas já estava lotado. Como assim lotado? Expliquei a minha situaçao, e a soluçao apresentada foi que eu corresse até o terminal de embarque, que em poucos minutos sairia um ônibus para Sucre, e de lá eu pegaria outro para Santa Cruz. Sem alternativa, me toquei a correr. Quando cheguei ao terminal, fui barrado porque deveria pagar uma taxa de ingresso ao terminal, de 2 bvs. Paguei a tal taxa, soquei a bike em um bagageiro onde ela mal cabia e embarquei se almoço mesmo. Depois fiquei pensando: na véspera, quando fiquei à toa esperando o ônibus, ninguém cobrou-me essa taxa, o que me fez presumir que todos já soubessem à muito tempo que nao haveria ônibus para mim.
Quando o ônibos já estava rodando, saindo da estaçao, uma mulher saiu correndo pela pista e o fez parar para embarcar. Entrou com o bilhete procurando a sua poltrona, e como eu estava na primeira fila, perguntei-lhe o número do seu assento. - Quatorze - respondeu. Eu disse que o meu seria o quinze, mas ambos já estavam ocupados, e corretamente, segundo constava nas passagens dos ocupantes. Outro detalhe é que a quando troquei a minha passagem, que primeiramente anunciava uma janela, ela foi renumerada conforme um croqui com 40 lugares, enquanto o ônibus disponível era um micro com vinte e poucos assentos. Eu e a mulher nos conformamos e ficamos satisfeitos de, pelo menos, nao termos que viajar em pé por quatro horas até Sucre. Assim, ela sentou-se ao meu lado e fomos conversando. Aos poucos, foi perguntando da minha vida, e fui contando coisas que se conta a grandes amigos, ou a pessoas que você nunca mais verá. Ela se chama Valéria, é de origem indígena e tem um filho estudando arquitetura em Cochabamba. Contou-me algumas coisas sobre a Bolívia, dentre elas que até 1952 os índios nao tinham direito à terra, que as áreas pertenciam aos descendentes dos espanhóis, até que houve a reforma agrária. O funcionamento até entao, segundo ela me contou, era semelhante ao sistema feudal. Mais adiante, quando passamos pela parte alta, que eu referi em outro post como Muy Pampa, e que ela corrigiu como sendo Pampa de Lechesana, ela me contou uma história interessante. Disse que na década de 70, houve um plano para a agricultura local, financiado pelo governo americano, que tinha como base o plantio com agrotóxicos. Perguntei se era da Monsanto, ela confirmou a minha suspeita. Disse que após alguns anos de uma produçao fantástica, com batatas de 20 cm de diâmetro, a terra ficou imprestável, e somente depois de 40 anos começou a se recuperar, lentamente.
Chegando em Sucre, me despedi de Valéria e peguei a bike, após pagar 10 bv pelo transporte. Já havia alguém me esperando, de outra empresa. Parece que as transportadoras fizeram um tipo de intercâmbio entre si pra nao pôr outro ônibus só pra mim. Para embarcar, paguei mais uma taxa de uso de terminal, que a princípio seria devida pela empresa, já que originalmente eu nao teria escala. Para levar a bike, em cima do ônibus, tive que pagar mais 30 bv. Assim, a minha passagem custou 100 bv, e a a da bike 40 bv.
Vou encerrar o post agora, pois senao perderei o almoço.
Expedições realizadas:
Há 2 anos
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