sábado, 16 de janeiro de 2010

Em Bauru

Após 5 dias de viagem, percorremos 854 km entre Foz de Iguaçu - PR e Bauru - SP, onde estamos hospedados na casa de parentes do Nelson. Segunda-feira 18, devemos partir em direção a Limeira, onde está nos aguardando o Estêvão, que nos acompanhará no trecho entre Parati e Diamantina. Contarei neste post apenas breves impressões da viagem, então fugirei daquele formato de relatório.

A viagem até Bauru foi tranqüila, apesar da quilometragem alta e alguns dias de chuva e vento contrário. É chato acordar de manhã cedo com chuva e ter que partir mesmo assim, mas lembrando do calor que passei na viagem até Foz, percebi que a chuva e o vento não eram tão ruins. O incômodo foi com minha bagagem, o alforje não deveria empoçar água, mas fiz uma tentativa de impermeabilização que não deu certo, então a água entrou e não tinha por onde sair. Apesar do meu cuidado em embalar e lacrar objetos com fita, ainda assim alguns ficaram imersos na poça, isso aconteceu por exemplo com minhas pilhas recarregáveis, as quais ainda não testei após o episódio. Mas as pilhas não deveriam estar no alforje, e sim junto com os demais eletrônicos, seguros em minha bolsa de guidão, ainda que lá também tenha acumulado alguma umidade apesar da capa de chuva própria.

No primeiro dia, estávamos na estrada e cruzamos por uma carroça. O carroceiro brandia o chicote no ar para "estimular" o cavalo a prosseguir. Quando ultrapassamos a carroça, o cavalo deu uma arrancada, parecia querer nos acompanhar, talvez ir embora, mas logo sentiu o peso da carroça e retomou o seu ritmo. Mais além paramos para almoçar, e pela tarde prosseguimos. Vários quilômetros adiante avistamos uma carroça, achamos que não fosse a mesma devido à distância percorrida, mas era ela mesma. Falamos rapidamente com o carroceiro, ele vinha de Hernandarias, no Paraguai, rumo a Cascavel, no Paraná. - "É chão hem?" - disse Nelson ao carroceiro, considerando os mais de 150 km de distância até o seu destino. Percebíamos a difícil situação do cavalo, e depois do breve encontro fomos pensando se ele realmente chegaria ao seu destino, distante ainda 50 km, possivelmente sem água e comida, pois não víamos pastagens ou água na beira da estrada. Nos outros dias fiquei pensando se o animal ainda permanecia vivo.

Em outro dia, após almoçarmos em um restaurante na beira da estrada, estávamos descansando. O Nelson cochilava sentado em uma cadeira, e eu estava no mesmo caminho, quando percebi um menino se aproximando, muito discretamente para observar as bicicletas. Fiquei quieto, como estivesse dormindo, e ele se escondeu atrás de um pilar em minha frente. - " BUU" - dei-lhe um susto, isso quebrou o gelo e ele sentou-se comigo a bater papo. Tinha uns 6 anos, estava trocando ainda os dentes da frente, e contava as suas peripécias. Contou que gostava de empinar com a sua bicicleta e por isso estava proibido de usá-la, e também gostava de andar de balanço de cabeça para baixo. Dito isso, foi-se para o balanço que havia por perto. Sua mãe, percebendo o sumiço do garoto, foi resgatá-lo, sabedora das suas imprudências. Como ele continuasse às voltas conosco, ela contou-nos que o menino era difícil. Ela, brava, disse ao filho: "conte o que você fez com o seu cavalo!". Ele fez uma cara que misturava o constrangido com o sapeca. Ela insistiu, e ele, nada de falar, só olhava com aquela cara. Então eu lhe disse: "você andou com o cavalo até ele morrer", e ele então confirmou.

Disponho de pouco tempo para postar agora, por isso coloquei apenas algumas coisas que me fizeram pensar. Em breve, mais notícias.

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