Pela manhã, quando saímos, não encontramos o “skatista fantástico”, e o Daniel observou que deveríamos encontrá-lo pelo caminho para o Chuí, o que não aconteceu. No decorrer da manhã o Daniel sentiu-se cansado, pois já vinha desgastado pela viagem iniciada em Florianópolis, tendo passado por uma frente fria com vento contrário e chuvas fortes. Além disso, o trajeto da antevéspera até a praia do Cassino o desgastou, pois pedalou cerca de 160 km naquele dia, enquanto a sua média era em torno de 80 km. Assim, em um certo momento do trecho ele disse-me que não o esperasse, pois o ritmo estava muito diferente. Ainda assim, eu afastava-me, parava alguns quilômetros depois e ele se aproximava, e assim foi até que a partir de certo momento parei em um posto de combustíveis (raros no trecho) para aguardá-lo. Esperei por algum tempo, considerei o que ele havia me dito, e resolvi seguir adiante para chegar ao Chuí, distante 160 km do ponto de onde partimos pela manhã. A partir de então não mais o encontrei. Foi uma boa amizade feita na estrada, infelizmente não anotamos os contatos e provavelmente ficará só na memória de cada um. Cheguei à noite em Chuí, e acampei em um posto de combustíveis na entrada da cidade, encerrando a jornada de mais um dia.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
3º dia: Taim
Durante a manhã ficamos eu e o Daniel envolvidos em localizar uma oficina para fazer a troca do câmbio, corrente e pinha da sua bicicleta, que apresentavam problemas a algum tempo, e aproveitei para comprar um par de luvas para diminuir a dor das mãos. Após almoçar em um restaurante na praia do Cassino, partimos em direção ao Taim. Daniel sentia algumas dores da véspera, pois andou em mais que o costume, que é em torno de 80 km por dia. A viagem foi tranquila, pouco trânsito, e Daniel levava no guidão uma pequena caixa de som com MP3, tecnologia “neta” do radinho de pilha. O calor já era mais forte, após rodarmos cerca de 100 km chegamos até o Taim, e entramos no acesso à Lagoa Mirim. Na chegada, um sujeito, bêbado, chamou o Daniel para o parabenizar. Com uma lata de cerveja na mão, dizia: “vc não deve estar me reconhecendo, mas sou o cara que está fazendo a volta ao Brasil de skate no “Fantástico”. Daniel desconversou dizendo que iríamos a praia e já voltaríamos. Ambos concluímos que “big brother” e “skate fantástico” não mereciam muita atenção, também o bêbado não nos inspirou crédito na história. Assim, acampamos à beira da lagoa, com direito a um banho nela, no fim de tarde mais magnífico da viagem.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
2º dia: Cassino
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Viagem de Porto Alegre a La Paloma - Uruguay.
1º dia: a gauchada.
Saí de Porto Alegre pela estrada RS 40, por Viamão, a princípio com pouco vento contrário, mas que foi aumentando pela manhã. Após aproximadamente 60 km rodados, encontrei, descansando, dois ciclistas que iam para o litoral em uma tandem Zohrer. “Tandem” é o nome que se dá às bicicletas para duas pessoas, e “Zohrer” é um fabricante que faz modelos inclinados, onde o sujeito pedala como se estivesse atirado no sofá. Uma característica das tandem, é que o ciclista que vai atrás pode ser menos exigido, se o outro tiver condições físicas de imprimir a marcha. No caso, porém, o de trás estava esgotado, e percebi nele até uma certa irritação, como se pensasse “fui idiota em vir”. Deduzi isso quando seu companheiro de viagem falou que tirou-o do vídeo-game direto para essa viagem de 100 km rumo ao litoral. Deixei-os aguardando o “resgate” e segui viagem. Quando chego a Capivari do Sul, após 85 km rodados, entro à direita e a partir de então o vento nordeste passa a ser lateral, e em alguns momentos favorável. A temperatura estava amena, com nuvens no horário mais quente, assim pude parar numa sombra para cozinhar meu miojo, comer granola com leite em pó "molhado", e em seguida continuar pedalando. Próximo a Bacupari, parei no primeiro estabelecimento em muitos quilômetros, o “Quiosque do Gaúcho”. Havia lá um tchê bem pilchado, com quem travei uma conversa enquanto aguardava um suco de abacaxi. Logo mais chega na roda outro gaudério, mais legítimo que as sandálias Havaianas. Após ouvirem minha história, olham-se entre si com olhares graves que denotam autoridade no assunto, e concluem: “pois então tchê, essa tua viagem é daquelas que chamamos uma gauchada. Uma indiada das boas”. Ou seja, viram em mim, apesar de um esquisito de capacete, bermuda colada na bunda e sapato que faz tlec tlec, alguém dotado do mesmo espírito aventureiro dos seus ancestrais cavalariços. Pensei no ciclista da Tandem, se o seu caso poderia ser definido como uma gauchada, e ainda com essa dúvida segui viagem. Antes, fui informado de que havia passado por ali outro viajante na véspera, e que deveria encontrá-lo pelo caminho. Com as condições climáticas favoráveis, rodei um total de 190 km até um posto de combustíveis, situado 20 km antes de Mostardas, onde montei meu acampamento.